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Os conceitos de corpo, beleza e nudez presentes na obra de Joseph Pilates

O que estaria fazendo Joseph Pilates ao expor seu corpo dessa forma? Seria um ato exibicionista de uma personalidade narcísica? Estaria ele querendo comprovar a eficácia de seu método mostrando seus atributos físicos?

Somente um olhar superficial faria esse tipo de julgamento! Mas podemos entender o significado dessa ação percebendo a importância que a influência da cultura grega teve em seu trabalho.

Observe a frase abaixo:

“De um corpo para dois; de dois para todos os belos corpos; dos belos corpos para as belas ocupações; destas aos belos conhecimentos, até que, de ciência em ciência, se eleve por fim o espírito à  ciência das ciências, que nada mais é do que o conhe­cimento da Beleza Absoluta”. (PLATÃO; Op. cit., p. 168.)

Para os gregos, representados na sabedoria de Platão, a beleza do corpo físico expressa na simetria, proporcionalidade e funcionalidade era o primeiro ato da expressão de um modo de vida do cidadão grego. O grego belo era aquele que tinha nos exercícios físicos uma prática de valor do grande homem, fazendo da boa gestão do corpo uma arte da existência associada com a vida moral e pollítica.

Segundo (Fiasca, 2012), muitas das formulações encontradas nos escritos de Joseph Pilates derivam da tradição da cultura Helenística, veja:

“O Homem negligencia a si mesmo, é destrutivo com sua eficiência física e mental, e tende ao enfraquecimento gradual e progressivo de sua moral, resultando em uma crescente desonestidade, imoralidade, perda de toda perspectiva verdadeira de sua responsabilidade por si mesmo e por seus semelhantes, com uma correspondente perda de idealismo e de cultura ética.”

Para o mesmo autor, o método de condicionamento físico e mental criado por Joseph Pilates – Contrologia – baseado nos valores da cultura grega possue o objetivo de educar o homem, por meio do movimento, desde a infância até a idade adulta preparando-o para tomar melhores decisões morais, melhorar a capacidade pessoal de busca pela excelência, poder enfrentar com maior eficácia as dificuldades diárias, cultivar a beleza (no sentido amplo do termo, não apenas a beleza física) e integrar nosso ser interior com nossos papeis sociais e nossa função no mundo.

Como professores de Pilates temos o compromisso Ético de colocar em análise o significado dos conceitos que estão norteando nossa prática, pois entendemos que aceitar um determinado conceito ou idéia de corpo, de saúde, de beleza, implica em escolher certos tipos de intervenção sobre o corpo e a vida dos sujeitos.

Não estaria o Professor de Pilates, na atualidade, a serviço de uma cultura da imagem e do excesso, exibindo o movimento destituindo-o de qualquer valor superior e de um sentido educacional? E você o que acha a respeito?

Alexandre Luzzi

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